A Síndrome de Burnout (ou Síndrome do Esgotamento no Trabalho em bom Português) é definida pela Organização Mundial da Saúde (WHO) como sendo o resultado do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, e suas 3 principais características são:
- Sentimento de esgotamento de energia;
- Afastamento mental do trabalho, ou sentimento de negativismo relacionado ao trabalho;
- Redução da eficiência profissional.
A Síndrome de Burnout é classificada como um fenômeno ocupacional, ou seja, que está relacionada especificamente ao ambiente profissional, não devendo ser aplicada para descrever experiências em outras áreas da vida.
Em 1974, Herbert Freudenberger, um psicólogo germano-americano, foi o primeiro a cunhar o termo “burnout”, ao publicar o artigo Staff Burn‐Out (Esgotamento do Pessoal – em tradução livre). O artigo foi baseado em suas observações da equipe de voluntários (incluindo ele próprio) em uma clínica para viciados em drogas.
Os Sinais de Esgotamento
O Burnout pode levar à depressão profunda, se não tratado devidamente, por isso, fique atento a alguns sinais, que podem ser, segundo o Dr. David Ballard, uma das maiores autoridades no assunto, chefe do programa Ambiente de Trabalho Psicologicamente Saudável, da Associação Americana de Psicologia:
- nervosismo
- problemas de relacionamento ou isolamento
- exaustão constante; desmotivação que não passa
- frustração e pessimismo além do normal
- falta de atenção e de concentração continuadas
- declínio da produtividade
- negligência com a saúde, exagero com bebida alcoólica, comida, cigarro
- alguns sintomas físicos como dores de cabeça frequentes, pressão alta, gastrite, tonturas
Estresse e preocupações ocasionais são normais na vida da maioria das pessoas, porém, a grande diferença entre o estresse normal e o Burnout é sentimento de que, no Burnout, o estresse não passa, e a pessoa começa a se sentir esgotada física e mentalmente; aí, é sinal de alerta. Nesses casos, o profissional deve buscar ajuda de um médico ou psicólogo.
Os Efeitos do Burnout nas Organizações
Segundo uma pesquisa Gallup com 7500 funcionários, publicada em 2018, aqueles que disseram que muitas vezes (ou sempre) sofrem burnout no trabalho têm:
- 63% mais chances de passar um dia doente;
- Apenas metade da probabilidade de chegar a discutir como abordar as metas de desempenho com seu gerente;
- 23% mais chances de visitar a sala de atendimento médico;
- 2,6 vezes mais chances de deixar seu atual emprego;
- 13% menos confiantes em seu desempenho.
Como Evitar o Burnout
Segundo a pesquisa Gallup referenciada no parágrafo anterior, foram encontrados 5 fatores como tendo uma correlação significativa com o Burnout e que, portanto, deveriam ser de grande atenção por parte das Organizações, para reduzir o Burnout no local de trabalho:
- Tratamento injusto no trabalho: quando os funcionários costumam ser tratados injustamente no trabalho, têm 2,3 vezes mais chances de sofrer um alto nível de desgaste. O tratamento injusto pode incluir desde preconceito, favoritismo e maus-tratos por um colega de trabalho, até remuneração injusta ou políticas corporativas desajustadas.
- Carga de trabalho excessiva: os colaboradores de alto desempenho podem mudar rapidamente de otimistas para desesperados, enquanto se afogam em uma carga de trabalho incontrolável.
- Falta de clareza na função: quando a responsabilidade e as expectativas da função não estão claras, os colaboradores podem ficar exaustos apenas tentando descobrir o que se está querendo deles. Os bons gerentes discutem responsabilidades e objetivos de desempenho com seus funcionários e colaboram com eles para garantir que as expectativas sejam claras e alinhadas com esses objetivos.
- Falta de comunicação e apoio do gerente: O suporte do gerente e a comunicação frequente fornecem um amortecedor psicológico, para que os funcionários saibam que, mesmo que algo dê errado, o gerente está ao par das coisas. Os funcionários que se sentem apoiados pelo gerente têm uma probabilidade 70% menor de sofrer burnout regularmente.
- Pressão de tempo irracional: Quando os funcionários afirmam que costumam ou sempre têm tempo suficiente para realizar todo o trabalho, eles têm 70% menos probabilidade de sofrer um desgaste excessivo. Prazos e pressões irracionais podem criar um efeito de bola de neve – quando os colaboradores perdem um prazo irracional, ficam para trás na próxima tarefa que devem fazer.
É fácil perceber o papel dos gestores, tanto para evitar o Burnout, quanto para desencadeá-lo. Um estudo da Universidade Federal do Paraná, realizado pelos pesquisadores Elide Sbardellotto M. da Costa, Adriano Hyeda e Eliane Mara Cesareo Pereira Maluf, publicada em 2016, intitulado Working Environment and Burnout Syndrome (O Ambiente de Trabalho e a Síndrome de Burnout – em tradução livre), concluiu que o suporte Organizacional no ambiente de trabalho tem uma relação significativa com o risco de Burnout, especialmente a função das lideranças, na gestão de pessoas.
Portanto, para bem exercerem suas funções, evitando o Burnout, os gestores da Organização devem cultivar as competências de gestão (gestão do tempo, estabelecimento de metas, organização, delegação de poderes, avaliação eficaz da equipe, desenvolvimento de competências, liderança, análise crítica, melhoria contínua, planejamento,visão detalhada dos processos que administra, visão geral dos processos da organização) e de liderança (motivação, equilíbrio, visão positiva, justiça, iniciativa/próatividade, aprendizagem com os erros, comunicação, foco em resultados, tomada de decisões difíceis, e criatividade), descritas em detalhes no meu livro Cultura de Melhoria: Levando a Organização à Excelência.